A força do Café

A força do Café

Confira na íntegra, a entrevista da Micheli Poli, diretora do Grupo Jurerê para a Revista Go Where Gastronomia!

Uma coisa é fato: os hábitos de consumo dos brasileiros estão mudando. E o café, assim como a cerveja e o vinho, têm sua parcela de “culpa” nesse cenário. Do tradicional cafezinho de coador, para despertar, aos expressos em cápsulas, para encantar as visitas, o apreço pela bebida tem se diversificado, crescido e amadurecido ao longo dos últimos anos, trazendo mais responsabilidade para as grandes marcas e criando espaço para novos produtores conquistarem o mercado.

Para André Carvalho, Micheli Poli, do Café Jurerê, Eliana Relvas, consultora de cafés André Carvalho, da Mitsui cafezinho não vai perder seu lugar cativo à mesa dos brasileiros.  “Percebo que as pessoas compram tanto um quanto o outro. Levam as cápsulas, por exemplo, para tomar em ocasiões especiais, como uma experiência diferenciada, mas continuam tomando o café tradicional no dia a dia”, comenta a consultora. “Nós, como indústria, percebemos que a nossa presença no varejo exige, além da oferta de produtos para o dia a dia do consumidor, proporcionar momentos em que ele possa ter uma experiência sensorial com o café e entender um pouco mais desse universo.

Nossa responsabilidade é deixar claras as razões pelas quais o café gourmet tem um preço diferenciado”, conclui Micheli. gerente de marketing e inovação da Mitsui Alimentos, os brasileiros estão descobrindo novas formas de consumir a bebida. “Há dez anos, o brasileiro teve contato com o café gourmet, graças ao mercado de cápsulas. Foi de um extremo ao outro. Agora, está entrando em contato com outros métodos e descobrindo esse mundo de aromas, sensações e sabores que a bebida tem para oferecer”, explica. A consultora de cafés Eliana Relvas tem opinião semelhante, e ressalta ainda que, no geral, o público tem se permitido experimentar novas marcas:

“O café é uma bebida afetiva e, por isso, as pessoas eram apegadas às marcas tradicionais. As cápsulas trouxeram a facilidade de se consumir um café de melhor qualidade dentro de casa. E, naturalmente, notou-se a diferença.

Uma coisa foi puxando a outra…”, contextualiza Eliana. Nessa seara, pode-se falar em três tipos principais de café: os tradicionais, os superiores e os gourmet. Micheli Poli, diretora comercial do Café Jurerê explica as diferenças básicas: “Os tradicionais são blends mais comerciais, em que se busca entregar um produto aceitável, com preço acessível para o consumidor; os superiores são uma seleção mais apurada de grãos, que oferecem características sensoriais diferenciadas; e o gourmet também vai nessa pegada, mas aí já estamos falando de cafés exóticos, de sabores achocolatados, frutados, mais ou menos ácidos.”

O poder está no grão.

Mas, afinal, o que torna um café superior a outro? Por que os cafés especiais custam mais? Segundo Micheli, tudo começa na seleção dos grãos: “Quanto maior for a qualidade do grão, mais especial será o resultado na xícara”. Nessa classificação, todos os aspectos são considerados, desde as características visuais – como uniformidade, tamanho e cor – até as sensoriais – como aroma, sabor e acidez. “O café tradicional é o que nós consumimos no dia a dia: um blend de arábica e conilon. O superior também é uma combinação desses dois grãos, mas a regra dita que ele deve ser predominantemente arábica, que tem mais aroma e sabor que o conilon”, esclarece André.

Já o protocolo dos gourmet determina que o grão seja 100% arábica, o que confere a essa categoria características únicas, geralmente buscadas por um público mais exigente, que não se importa em pagar mais caro por isso. Um quilo de café gourmet costuma custar de 80 a 100 reais. “Esse é um café que tem sabor e aroma muito mais intensos”, completa o gerente da Mitsui.

Os métodos específicos de coagem também fazem com que os cafés gourmet se destaquem na multidão. O formato drip coffee é uma grande tendência no mercado brasileiro: uma dose individual de café de alta qualidade, com o detalhe de poder levar para qualquer lugar.

O tradicional resiste?

André Carvalho afirma que mais de 90% do mercado de cafés do Brasil é do produto tradicional. “Mas existe uma expectativa de crescimento maior do segmento gourmet daqui para frente”, diz ele. Porém, o tradicional  cafezinho não vai perder seu lugar cativo à mesa dos brasileiros. “Percebo que as pessoas compram tanto um quanto o outro. Levam as cápsulas, por exemplo, para tomar em ocasiões especiais, como uma experiência diferenciada, mas continuam tomando o café tradicional no dia a dia”, comenta a consultora. “Nós, como indústria, percebemos que a nossa presença no varejo exige, além da oferta de produtos para o dia a dia do consumidor, proporcionar momentos em que ele possa ter uma experiência sensorial com o café e entender um pouco mais desse universo. Nossa responsabilidade é deixar claras as razões pelas quais o café gourmet tem um preço diferenciado”, conclui Micheli.

Fonte: Revista Go Where Gastronomia.

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